E um dia o Mal venceu.
Vestiu o seu melhor fato de vítima, maquilhou-se de hipocrisia e enganou todos os corações puros que apanhou pela frente.
Sentado à mesa, entre choros e mentiras, reuniu os amigos e, sob a afiada guilhotina da podridão, semeou histórias falsas, fábulas e relatos inventados pela sua mente delirante.
E um dia o Mal venceu.
Travestido de pureza, de solidariedade e humanidade, apontou dedos, fez das vítimas vilões, vendeu infernos, maltratou e julgou sem se compadecer de ninguém.
E os anjos inocentes, enebriados pelas falsas lágrimas do demónio, deixaram-se cair em embalos sanguinários, pejados de dor alheia e de injustiça.
E um dia o Mal venceu.
Mágico manipulador das mentes, antecipou-se em discursos, atacando sem dó, num burburinho, quase mudo, de ratos no porão que se esquivam ao mais ínfimo brilho da luz verdadeira.
E o Bem, derrotado, sujo, amordaçado e manietado, não se pôde defender.
Agora talvez o olhem com desconfiança, mas resta-lhe a vã e amarga esperança de que, no futuro, as verdades flutuem no mais puro azeite.
Mas isso será um dia.
No dia da justiça.
Por hoje o mal saiu à rua e venceu.
© Balthasar Sete-Sóis

Um enorme poema que nos leva à reflexão, aliás como é teu apanágio. Parabéns
Muito obrigado meu amigo! Vindo de alguém cuja escrita admiro muito, o valor das tuas palavras é inestimável.