Cresce o abismo
Aumenta-se o fosso
Alimentam-se os silêncios devastadores
Destrói-se, em poucas noites, a companhia outrora prazerosa
Secam-se as conversas que nasceram sumarentas
Matam-se os prazeres trocados pelos corpos distantes
Colhem-se saudades do que nunca foi
Semeiam-se lembranças do que ainda estará para vir
Os cérebros esquecem
Os corações arrefecem
As mãos desenlaçam-se
Os lábios gretam-se
Os fogos esbatem-se nas águas mansas e gélidas da indiferença
Passos de crianças brincando nas noites quentes de verão
Amores perdidos. Pecados enterrados em nome da razão.
© Balthasar Sete-Sóis