Uma mulher encontra um telemóvel no chão, à porta de sua casa. Tocava e vibrava, incessantemente, como se um ser monstruoso tentasse vigorosa e violentamente libertar-se do seu interior!
Debruçou-se, delicadamente, e nesse momento foi trespassada por um estremecimento que a deixou sem respirar durante breves segundos. Alice! Olhou para o visor e era o seu próprio nome que ali estava. De fundo, a sua fotografia abraçada ao filho de oito anos.
Não tinha dúvidas. O telemóvel que tinha na mão era o seu e estava a ligar para si própria.
Colocou o dedo suado e trémulo no ícone verde, deslizou-o para a direita e atendeu.
Do outro lado, a sua voz fria e cortante, disse-lhe “hoje é o dia da tua morte” e desligou. Ficou petrificada!
Desesperada, olhou em volta. As pessoas e as cores tinham desaparecido das ruas. Tudo era cinza, sombrio e deserto.
Tentou desenfreadamente retirar da mala a chave de casa. Não conseguiu. Atirou-se contra a porta tentando entrar. Não a abriu! Começou a gritar para se libertar do pesadelo em que poderia ter adormecido. Não acordou!
Não sabia há quanto tempo estava naquele estado de delírio. Começou a percorrer as ruas desertas e cinzentas e estacou em frente a um quiosque solitário.
Na capa de um jornal, a sua fotografia. No título, escrito a vermelho sangue, estava a palavra “assassinada”. As suas mãos tremiam cada vez mais e o jornal amarrotava-se sozinho por entre os seus dedos…No subtítulo estava escrito ” Mulher encontrada morta junto ao seu telemóvel, no chão à porta de sua casa”.
Nesse instante começou a sentir o seu corpo desfragmentar-se e a dissolver-se no ar abafado daquele fim de tarde de outono. Depois, foi inundada por um feixe de luz que inundou os seus olhos. Nesse momento, Alice fez-se luz!
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Brilhante!!
Um dia chegarei a isto…
Mais um obrigada ?
Obrigado eu Célia
Excelente texto, parabéns
Obrigado amigo ?